29 setembro 2015

[RESENHA] O doador de memórias


Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes.Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.




Jonas é um garoto de 12 anos que vive numa sociedade aparentemente perfeita, sem dor, solidão, tristeza, doenças ou pobreza. Isso acontece porque nesse mundo novo criado pela autora, as pessoas não têm sentimentos, pois estes são removidos de seus inconscientes e "guardados" na mente do Doador.


- Imagine se pudessem escolher seu cônjuge? E escolhessem errado?

- Ou se pudesse escolher seu próprio cargo?

- Seria assustador, não é?

Ao completar 12 anos, as crianças participam de uma cerimônia para conheceram suas Atribuições, ou seja, que profissão vão seguir durante toda a vida. Não é diferente para Jonas, que, acaba surpreso ao saber que será o novo Recebedor de Memórias, e deverá passar por treinamento com o antigo Doador. É durante esses treinamentos que Jonas começa a questionar a índole de algumas pessoas da comunidade, inclusive seu pai, e, além disso, passa e duvidar do sentido da palavra "perfeição" quando aplicada ao modo com vive. Será que exterminar os sentimentos das pessoas afim de evitar conflitos e confusões é a melhor saída?

Eles me escolheram, e escolheram você, para tirar deles esse fardo.

Jonas e Fiona! (Cena do filme)

O que falar sobre a Lois, que eu só li um livro, mas já considero muitoooo!?
A escrita dessa autora é simplesmente sensacional. O modo como ela explora os detalhes, como ela usa a descrição do lugar e, principalmente, como ela construiu a sua comunidade distópica, que, apesar de ser meio "fora da casinha" foi super bem explicada. Tanto é, que a primeira parte do livro consiste basicamente na construção das regras da cidade, o que não deixa nenhuma dúvida ao leitor de como é aquele lugar, e de o que os espera nas próximas páginas.


Adorei o jeito com que Lois Lowry usou cada uma das características do personagem protagonista, Jonas: coragem, inteligência e integridade, além de uma boa pitada de heroísmo. Sem esses adjetivos, o desenrolar da história teria ficado chato e cansativo. Ah, por falar nisso, cansativo é uma coisa que esse livro não é, porque você começa a lê-lo e se vê tão envolvido com a trama que nem sente o livro acabar: além do mais não são nem 200 páginas, o que contribui ainda mais para a leitura rápida e prazerosa. Sem dúvida, deixou um gostinho de quero mais...

Em alguns momentos, eu tive a impressão de que a história estava muito corrida. Até acho que outros personagens (e suas características) poderiam ser mais explorados durante o livro. Talvez por isso eu, de fato, só tenha conseguido me apegar ao Jonas, ao Doador e ao pequeno Gabe. Fiona, Asher, Lily e a mãe e o pai de Jonas com certeza poderiam ganhar mais espaço em vários momentos do enredo.

O final me decepcionou bastante. Mas, espera, que final? Porque pra mim, a história não tem um desfecho propriamente dito. As coisas terminam meio atadas e os conflitos criados durante o livro não são resolvidos. Já ouvi falar que tem uma continuação, mas mesmo assim, não se pode terminar um livro dessa maneira!

Assistindo trechos do filme, o que eu pude perceber foi que o principal foco da autora não é a distopia em si, mas sim uma lição sobre sere humanos e sentimentos.

Concluindo, não é um livro que eu amei, mas também não é um livro ruim. Exceto algumas falhas, é uma boa história e a sua leitura calma e rápida faz com que eu o recomende!



CAPA 5
HISTÓRIA E ENREDO 7
PERSONAGENS 8
DESFECHO 5

NOTA NO SKOOB: 4.0

LIVRO: (3/5)
EDITORA: ARQUEIRO
PÁGINAS: 192
ANO: 2014 (ANO DA EDIÇÃO)
GÊNERO: FICÇÃO CIENTÍFICA / DISTOPIA / DRAMA



QUEM É O AUTOR?

Lois Lowry!